30.04.2018

Agrotóxicos afetam a saúde humana desde a gestação e estão associados a graves doenças, diz especialista

O I Seminário Intergovernamental sobre Controle de Agrotóxicos e Afins, realizado pelo MPSC em parceria com a CIDASC, teve como objetivo discutir ações e integrar os órgãos públicos no controle de agrotóxicos do Estado.

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Obesidade, diabetes, infertilidade, câncer, endometriose, impotência, neurotoxidade, má-formação congênita, autismo, Alzheimer, depressão, doença de Parkinson: essas são algumas enfermidades associadas à exposição crônica a agrotóxicos, segundo o médico do Centro de Informações e Assistência Toxicológica de Santa Catarina (CIATOX/SC) Pablo Moritz, um dos palestrantes do I Seminário Intergovernamental sobre Controle de Agrotóxicos e Afins, realizado nesta sexta-feira (27/4) pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) em parceria com a Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (CIDASC).

Moritz, que apresentou a palestra "Agrotóxicos: intoxicação crônica", explicou que, nos últimos anos, o entendimento com relação aos efeitos do uso dos agrotóxicos na saúde do ser humano foi alterado. Inicialmente, disse ele, acreditava-se que os impactos eram causados pela quantidade de agrotóxico utilizada, mas estudos comprovaram que, na verdade, eles estão relacionados à idade em que ocorre a exposição, especialmente se realizada em períodos críticos do desenvolvimento, como a vida intrauterina, a primeira infância e a adolescência.

"O período de latência entre a exposição e a manifestação dos problemas é muito grande, e nós não relacionamos o que acontece enquanto estávamos na barriga da mãe com as doenças que são desenvolvidas hoje. Temos um pensamento imediatista e por isso é difícil acreditar", explica Moritz. Ainda, segundo o médico, mesmo as doses consideradas seguras por lei geram impactos que podem, inclusive, ser passados de uma geração para outra. "Ou seja, o agrotóxico altera a expressão gênica e acaba afetando os descendentes, não só aquele indivíduo", afirma.


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A coordenadora do Centro de Apoio Operacional do Consumidor, Promotora de Justiça Greicia Malheiros da Rosa Souza, explicou que o objetivo do seminário, organizado em parceria com a CIDASC, foi atualizar os agentes dos órgãos governamentais sobre o Decreto Estadual 1.331/2017, que trouxe novas regulamentações sobre os agrotóxicos em Santa Catarina, e discutir propostas de atuação conjunta. A abertura do evento contou com a participação do Secretário Adjunto da Agricultura e da Pesca de Santa Catarina, Athos de Almeida Lopes Filho, e do Gestor do Departamento Estadual de Defesa Sanitária Vegetal da CIDASC, Ricardo Miotto Ternus.

Greicia destacou a importância do trabalho conjunto entre todos os órgãos governamentais do Estado. "Todos aqui presentes têm uma participação em algum momento. Então a ideia é identificar dificuldades e alinhavar estratégias e a atuação de órgãos públicos", complementou. Cerca de 100 participantes discutiram nos painéis temas como uso, comércio e transporte de agrotóxicos, além dos impactos dos resíduos desses produtos químicos na alimentação.

Durante o evento também foram abordados outros três temas:


Tema 1: Qualidade dos alimentos.

Médico Pablo Moritz - Centro de Informações e Assistência Toxicológica de Santa Catarina

Promotora de Justiça Greicia Malheiros da Rosa Souza - Coordenadora do Centro de Apoio Operacional do Consumidor

Nutricionista Michele Ebone - Vigilância Sanitária Estadual

Tema 2: Controle do comércio de agrotóxicos e afins.
Eng. Agr. Matheus Mazon Fraga - Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de
Santa Catarina (CIDASC).
Eng. Agr. Isabelle Nami Regis - Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA/SC)
Bióloga Gabriela Brasil dos Anjos - Fundação do Meio Ambiente/Instituto do Meio Ambiente
de Santa Catarina (IMASC).

Tema 3: Controle no uso de agrotóxicos e afins.
Eng. Agr. Geovani Pedro de Souza - Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de
Santa Catarina (CIDASC).
Eng. Agr. Paulo Francisco da Silva - Empresa de Pesquisa e Extensão Agropecuária de
Santa Catarina - (EPAGRI).
Major Marledo Egídio - Polícia Militar Ambiental (PMA/SC).

Tema 4: Controle do transporte de agrotóxicos e afins e fiscalização de produtos ilegais.
Subtenente Almir Vieira - Defesa Civil - Produtos Perigosos.
Auditor da Receita Estadual Jair Schmitt - Conselho Estadual de Combate à Pirataria (CECOP).
Policial Rodoviário Federal Adilson Soria Vaz - Polícia Rodoviária Federal em Santa Catarina (PRF/SC).

Programa Alimento Sem Risco (PASR)

O programa tem como objetivo principal a segurança dos alimentos vegetais cultivados e comercializados em Santa Catarina, para a proteção da saúde dos consumidores contra resíduos fora da conformidade legal provenientes do uso indiscriminado de ingredientes tóxicos.

O PASR desdobra-se nas seguintes linhas de ação:

  • monitorar a presença de resíduos de agrotóxicos em vegetais;
  • combater o uso indiscriminado de agrotóxicos na produção agrícola;
  • estimular a identificação da origem do produto vegetal;
  • desenvolver laboratório público para analisar resíduos de agrotóxicos;
  • fiscalizar o comércio de agrotóxicos e o receituário agronômico;
  • vedar o ingresso de agrotóxico banido no exterior;
  • incentivar o desenvolvimento de estudos técnicos e pesquisas; e
  • coibir irregularidades no mercado de produtos orgânicos.


Fonte: 
Coordenadoria de Comunicação Social do MPSC