11.07.2024

Em Criciúma, MPSC em parceria com a Unesc elabora projeto pioneiro para tratamento de usuários de crack em unidades prisionais

Objetivo é a implementação de uma rede de apoio eficaz para lidar com os casos de dependência química entre os apenados do Presídio Regional, em especial aqueles que estejam próximos de alcançar sua progressão ao regime aberto e o livramento condicional, momento em que retornam ao convívio em sociedade.

Tratar o vício para reduzir a reincidência criminosa é um dos objetivos de um projeto pioneiro que começa a ser trabalhado pela 4ª Promotoria de Justiça de Criciúma para o tratamento de usuários de drogas nas unidades prisionais. A ação, desenvolvida pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) em parceria com a Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc) e o setor de psicologia do Presídio Regional de Criciúma, está em fase de planejamento de modelos e abordagens antes do início oficial dos atendimentos.

Inicialmente, a ideia é implementar as ações do projeto com apenados que estejam próximos de alcançar sua progressão ao regime aberto e o livramento condicional, momento em que retornam ao convívio em sociedade. A intenção é que, nesse momento, o apenado seja avaliado pela equipe do programa e receba apoio para o tratamento. Caso haja boa aceitação, a ação pode ser expandida para outras unidades prisionais e até mesmo para outras regiões do estado.

O plano contempla ações de curto, médio e longo prazo. Conforme o Promotor de Justiça Jadson Javel Teixeira, que idealizou o projeto, muitos crimes na comarca são cometidos em decorrência do vício. Logo, trabalhando a causa, é possível crer na redução da reincidência criminal. Segundo o Promotor, diante de uma série contínua de furtos cometidos por esses indivíduos, viu-se que o cerne da questão está na dependência do infrator, particularmente em relação ao crack.

"A iniciativa visa apoiar os apenados sob vigilância estatal, particularmente no Presídio Santa Augusta, ao avaliar se o crime cometido está relacionado ao vício em drogas, e oferecer tratamento adequado. Em vez de encarar o apenado apenas como um criminoso, o programa busca implementar estratégias para que os indivíduos tenham acesso a tratamento na área da saúde", explica Teixeira.

O programa promete ser uma solução abrangente e eficaz para os desafios enfrentados pela comunidade. "Entre as vantagens esperadas estão a liberação de vagas nas unidades prisionais, a redução do poder das facções criminosas, a diminuição do tráfico de drogas e dos furtos, a reintegração dos indivíduos à atividade econômica, a melhoria do bem-estar das famílias envolvidas e uma série de outros benefícios", completa o Promotor.

Na próxima semana, uma reunião entre o MPSC e a equipe técnica dos setores de psicologia tratará do modelo de abordagem e funcionamento do programa na prática.

Primeira parceria firmada

Além do setor de psicologia do Presídio Regional, o MPSC garantiu a primeira parceria para a implementação do programa com a Unesc. De forma colaborativa, toda a experiência dos profissionais de psicologia que trabalham no ambiente carcerário poderá ser utilizada no projeto, bem como o conhecimento do curso de Psicologia e dos programas de residência em Saúde Mental e Multiprofissional oferecidos pela universidade.

"O objetivo final é proporcionar assistência às pessoas com dependência química, oferecendo-lhes novas habilidades e oportunidades para que possam se reintegrar à sociedade e construir um futuro baseado em conquistas e realizações. Assim que o programa estiver completamente estruturado, será divulgado e compartilhado com a comunidade", comentou a diretora de Extensão, Cultura e Ações Comunitárias da Unesc, Fernanda Sônego, no encontro entre o MPSC e a universidade para formalizar a parceria.

Conforme a pró-reitora de Pesquisa, Pós-Graduação, Inovação e Extensão da Unesc, Gisele Coelho Lopes, a universidade tem o papel de apoiar e desenvolver a região e está sempre aberta a parcerias como essa. "A droga, sendo um reflexo de outros problemas sociais, demanda que a universidade contribua com apoio nesse sentido. Na oportunidade, a universidade ampliou seu olhar para outras possibilidades de novos projetos, com a incumbência de elaborar iniciativas viáveis e aplicáveis para esse grupo social que vive à margem da sociedade. A instituição investe em pautas que promovam a cultura de paz e uma presença mais efetiva na sociedade", explica.

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Reunião no último mês tratou dos detalhes da parceria entre MPSC e Unesc. (Foto: divulgação/Unesc)


Rádio MPSC

Ouça o Promotor de Justiça Jadson Javel Teixeira.

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