03.09.2015

Estado tem 15 dias para desativar contêineres de metal da Penitenciária de Florianópolis

Os presos estão divididos em 25 contêineres, considerados "masmorras" pelo Promotor de Justiça que ajuizou o pedido de interdição parcial de estabelecimento prisional.

Os presos estão divididos em 25 contêineres, considerados "masmorras" pelo Promotor de Justiça que ajuizou o pedido de interdição parcial de estabelecimento prisional.

Post O governo do Estado tem 15 dias para desativar a Central de Observação de Triagem (COT) da Penitenciária de Florianópolis, composta por 25 contêineres de metal que abrigam 221 presos - 156 condenados e 65 provisórios. A decisão liminar da Vara de Execuções Penais da Comarca da Capital atende o pedido de interdição parcial de estabelecimento prisional ajuizado pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC). A liminar foi deferida nesta quarta-feira (2/9).

Atendendo a ação do Promotor de Justiça Fabrício José Cavalcanti, ajuizada no dia 31 de agosto de 2015, o Juiz de Direito Luis Francisco Delpizzo Miranda proibiu também o ingresso de novos presos, provisórios ou definitivos, na Penitenciária e no Presídio da Capital, que ultrapasse a capacidade máxima de cada unidade - 759 na penitenciária e 261 no presídio.

O Juiz determinou, ainda, que a Vigilância Sanitária da Capital e o Corpo de Bombeiro Militar do Estado realizem, em no máximo trinta dias, inspeção na Central de Obervação e Triagem (COT) a fim de verificar as condições sanitárias, físicas e estruturais da unidade.

A situação dos contêineres

Foto das grades de uma das celas

Na ação, o Promotor de Justiça demonstrou que o COT não possui a mínima condição de existir, pois "contêiner não é local apto a abrigar presos, considerando ser objeto desenvolvido para fins de carregamento de cargas e objetos, e não pessoas."

"Os presos alocados no COT vivem em condições absurdamente desumanas, tratados como se animais fossem, uma vez expostos as intempéries do tempo, especificamente as altas temperaturas no verão e extremo frio e umidade no inverno, ou seja, os reeducandos estão efetivamente reclusos em verdadeiras masmorras", complementou Cavalcanti.

Para o Juiz Luis Francisco Delpizzo Miranda, a Central de Observação e Triagem (COT) foi criada em 2002, já ilegalmente. Em 2010, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) julgou ilegal os constêineres utilizados na Unidade de Detenção Provisória de Cariacica (ES).

Foto da instalação elétrica em uma das celas

"Tendo em conta que vivemos num Estado Democrático de Direito, em que a dignidade da pessoa humana é seu fundamento basilar, que ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante, assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral e não haverá penas cruéis, é cristalino que a manutenção da prisão em contêineres viola aludidos dispositivos constitucionais", escreveu o Juiz na decisão.

O Promotor de Justiça lembra, também, que, com a desativação da Central de Triagem de Presos do Estreito (CTPC), em 28 de março de 2014, a Penitenciária de Florianópolis passou a ser a "porta de entrada" do sistema prisional da região metropolitana. "Segundo promessa do Governo do Estado, a desativação da CTPC seria concomitante com o início do funcionamento da nova Central de Triagem de Presos, a ser construída na cidade de São José, conforme acordo em reunião na Corregedoria-Geral da Justiça. Entretanto, até a presente data, não há sequer local definido para abrigar a nova Central de Triagem de Presos e muito menos o início de construção", explica o Promotor de Justiça na ação.


Resultado de vistoria


1. contêineres não são adequados para abrigar seres humanos;
2. as celas não obedecem aos critérios mínimos de dimensão, iluminação e ventilação;
3. as celas estão com a integridade estrutural comprometida;
4. há problemas com água de chuva e riscos de inundação;
5. instalações elétricas e sanitárias estão expostas e oferecem riscos à segurança dos presos.




Fonte: 
Coordenadoria de Comunicação Social do MPSC