Seminário Nacional 100 Anos da Guerra do Contestado
O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), em parceria com o Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina (IHGSC), promove, a partir desta quarta-feira (1º/08), o Seminário Nacional 100 Anos da Guerra do Contestado. O evento será realizado no auditório da Procuradoria-Geral de Justiça do Estado de Santa Catarina, em Florianópolis, até sexta-feira (3/08).
- Veja também: MPSC lança livro inédito com relatos do Contestado
Quanto às diferenças, Canudos tinha uma liderança única e concentrou-se em um único foco, o que facilitou o trabalho da repressão e conferiu um caráter dramático ao final do conflito. O Contestado teve várias lideranças, foi guerra de movimento que prolongou por quatro anos sua sobrevivência. Canudos teve repercussão nacional por ter sido visto, na histeria do momento, como ameaça restauradora ao novo regime. O Contestado deveu essa repercussão mais graças ao conflito de divisas entre dois Estados da União. Sobretudo, os dois movimentos diferem no que diz respeito à memória. Canudos tem nela posição de muito maior destaque graças à obra de Euclides da Cunha. O Contestado não teve um Euclides.
MPSC - Qual o perfil dos direitos do cidadão e da cidadania no Brasil que um fato como o Contestado nos permite compreender?
José Murilo de Carvalho - Tanto Canudos como o Contestado exibem chagas profundas em nossa cidadania. Tínhamos uma República em que 3% da população participava das eleições para Presidente, em que a grande maioria era privada dos direitos civis à totalidade dos direitos sociais. Canudos, Contestado e outros movimentos de natureza semelhante representavam o que chamei de cidadãos em negativo. Sem direitos, reagiam defensivamente quando eram atingidos em seus costumes, sua religião, seus valores. O melhor a que podiam aspirar é que o Estado ficasse longe deles. Quando ele se aproximava era para despojar ou reprimir.
MPSC - Costuma-se dizer que o Brasil teve uma história marcada por acordos entre as elites. O Contestado pode ser visto como uma exceção, ou essa visão sobre a história do Brasil não se sustenta mais?
José Murilo de Carvalho - Alguma mudanças políticas, de fato, não tiveram participação popular, como a da Proclamação da República. A presença do povo foi intensa desde a Independência e atingiu um ponto alto durante a Regência. Nas revoltas mais populares do período, como a da Cabanagem, a violência da repressão foi extrema como em Canudos e no Contestado. O drama das revoltas e manifestações populares até tempos recentes é que eram antes explosões de ira que não redundavam em transformações.
MPSC - Em sua opinião, o Brasil ainda é um país essencialmente injusto com a maioria dos seus cidadãos ou avançamos de forma concreta nos últimos 100 anos? Quais os principais pontos em que ainda poderíamos melhorar para fortalecer o exercício da cidadania entre nós?
José Murilo de Carvalho - Os progressos são muito recentes. A inclusão social começou durante a ditadura do Estado Novo e se acelerou nos últimos anos. A participação eleitoral só começou a se expandir após 1945. Quanto a alguns direitos civis básicos, como a igualdade perante a lei, o acesso à justiça, a proteção contra a violência e o arbítrio, ainda estão longe de serem garantidos à boa parte da população. Quanto aos novos direitos difusos, como os referentes à preservação do meio ambiente, mal começam a engatinhar.
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